segunda-feira, 16 de março de 2009

Entrevistado da semana: Troy Hunt



Nome: Troy Hunt

Nacionalidade: Norte-americano

O que representa: Foi Head Coach do Dragões do Mar de Fortaleza entre Agosto de 2007 e Março de 2008, até retornar aos Estados Unidos da América. Implantou o estilo de jogo corrido agressivo no time, e ensinou praticamente tudo o que os atletas mais experientes sabem.

Informação importante: Após a partida de Troy, a diretoria do Dragões do Mar de Fortaleza aposentou a camisa #24, que era usada pelo jogador-treinador, em memória de sua ajuda e força empenhada em favor do time.

Entrevista:

1) Qual a sua experiência no futebol americano?

No Texas, eu joguei dos 8 até os meus 18 anos de idade, sendo os últimos 2 anos jogando Varsity na minha High School. Meu time foi um dos melhores do estado e eu fui escolhido como um dos melhores DB’s na área de Houston(1st Team All-Greater Houston Area).
Depois do High School, apesar de receber ofertas pra jogar na faculdade, fui servir numa missão para a minha igreja, e depois que eu regressei, eu nunca voltei a jogar Futebol Americano de novo num time organizado(na faculdade).

2) Qual o estilo de jogo do High School texano?

O estilo Texano em nível de High School é quase pura corrida. Texanos adoram “Power Running”, "porrada"(bruising, bone-breaking power running). É desse jeito que um time controla o jogo e o relógio ao mesmo tempo. Além de ter controle total do jogo, a defesa do outro time cansa e não tem riscos de interceptação.
Quando a gente faz passe, vai ser “play action” pra enganar a defesa e eliminar riscos de interceptação.

3) Como conheceu o Dragões do Mar e qual foi sua primeira
impressão ao ver um time de “football” no Brasil?

Eu conheci os Dragões por meio de um colega de trabalho no Berlitz(curso de Inglês), o Bruno. Ele me convidou pra participar de um treino. Quando soube que tinha FA em Fortaleza fiquei muito entusiasmado, pois era uma coisa familiar que eu amava.



4) Como você encarou o desafio de treinar um time de futebol americano aqui ?

Ai! Levou muito experimento. Primeiramente eu me preocupei em padronizar e organizar TUDO. Meu primeiro encontro com os Dragões foi como um grupo de amigos jogando um racha; não me pareceu um treino tradicional, me pareceu FA de rua.
Foi dai que eu decidi escrever o livro de jogadas e a gente voltou ao início de tudo. Eu acabei aprendendo mais do que os jogadores, pois eu tinha um conhecimento muito extenso nas posições que eu jogava, porém, eu tinha que conhecer todas as posições para poder transmitir para os outros e foi dai que eu entrei em contanto com meus velhos colegas de FA para solicitar a ajuda deles para escrever o livro de jogadas. Então eu consegui incorporar o conhecimento e experiência de muitas pessoas na formação do livro.
Além de terem que aprender o livro de jogadas, os jogadores tinham que voltar aos fundamentos do esporte e aprender tudo de novo. Os rachas diminuíram bastante e os treinos reais começaram. No inicio havia oposição, pois muita gente já se sentia confortável com a sua própria maneira de jogar. Devido o apoio e ajuda de certos líderes do time, as queixas foram diminuindo e o time se dedicou ao novo método de treinar.
O próximo passo foi convencer todo mundo que isso não era a NFL, ou seja, a gente não dava passes a cada tentativa. Infelizmente a NFL é a única impressão que a maioria dos brasileiros tem de FA e isso não é a realidade.

5) Que diferenças você notou nos Dragões do Mar antes e depois de você ter treinado o time?

Caramba! Não dá pra explicar. As pessoas individualmente eram iguais, mas em conjunto o time se tornou um time de Texas mesmo! Um time que treina os fundamentos. Um time mais disciplinado.

6) Alguma sugestão para melhorar o “football” no Brasil (dentro e fora de campo)?

Definitivamente! Deixa jogar! Esqueçam de faltas pequenas e só joguem. Não coloquem ainda mais regras desnecessárias em prática. Eu fiquei com muita raiva durante meu tempo aí por causa de regras inventadas. Por exemplo, a regra de não poder fechar a mão no campo ou a de não poder dar um tackle usando só a camisa. Isso foi uma regra ridícula. A camisa faz parte do jogo e absolutamente pode ser utilizada pra dar um tackle. Se um cara consegue dar um tackle usando apenas um dedo pegando a camisa, então bom pra ele! A evolução de FA nos EUA começou como no Brasil, sem pads. Muito embora, eles quase não tinham regras: se chutavam, pegavam o pescoço, etc. Entendo que isso pode ser extremo, mas o outro extremo de colocar regras demais vai impedir o progresso do jogo.
Para progredir, o esporte precisa de espaço para crescer e não pode ser sufocado por regras insensatas.

Obrigado Troy Hunt, não só pela entrevista, mas por tudo o que você fez pelo Dragões do Mar de Fortaleza, seu nome jamais será esquecido e seremos eternamente gratos a você!

4 comentários:

  1. Caraca
    que saudade velho...
    Depois desse HC o Dragões do Mar de Fortaleza virou um time de verdade!
    Obrigado por tudo T. Hunt!
    Abraços!!

    Bola

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  2. graande Troy.. esse é o cara!
    só tem celebridade sendo entrevistado nesse site hein !
    qual será a proxima ??

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  3. Valeu Troy, devemos muito do que está acontecendo com o Dragões à sua breve e gigantesca passagem por nós.
    Abraço

    Henrique
    FB #55

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  4. Massa! Gostei quando ele falou a respeito da disciplina e regras. (acho que o "problema de disciplina", de ser mais uma pelada e etc, acontece com todos os times.)

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